Como as experiências históricas das pandemias podem guiar nosso olhar no presente? Por Daniel Vainfas

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Introdução

Existe uma falha fundamental no pensamento moderno: ele adota como verdadeira uma separação inexistente entre a Humanidade e a Natureza. Por mais que o ser humano tenha particularidades próprias, normas sociais específicas, dinâmicas peculiares, cultura material, idiomas e filosofia, isso não o desvencilha de sua condição inescapável de animal.

Colocar isso em perspectiva abre uma porta de interpretação particularmente rica para o olhar histórico, não existe ascensão da civilização sem um regime climático favorável, por exemplo. A transição do Pleistoceno para o Holoceno há 10 mil anos representou uma virada climática de magnitude incomensurável; saímos de um período glacial para uma fase de estabilidade climática particularmente propícia a nossa espécie, não parece simples casualidade que a agricultura surja justamente nessa virada.

Nenhum dos grandes fenômenos sociais, como a construção dos Estados ou a acumulação capitalista, existe no vazio cósmico, tudo o que acontece com os seres humanos e tudo o que os seres humanos fazem acontecer ocorre enraizado na natureza. Somos animais como todos os outros, sujeitos a forças que não compreendemos por mais que nossa capacidade de intervir sobre elas tenha crescido substancialmente no século XX.

Com isso em mente, e diante do cenário que a realidade nos apresenta, a proposta deste artigo é tecer algumas reflexões sobre como as pandemias e os fenômenos naturais mais amplos (como as mudanças climáticas) afetam nossa existência humana. Para isso, faremos uma breve recapitulação dos grandes episódios pandêmicos que o mundo antigo nos oferece, onde encontramos algumas repetições instigantes que valem a pena ser analisadas.

Comecemos pelo Império Romano.

Parte I – As três pragas de Roma

Embora tratar de pandemias históricas seja sempre temerário, dado o caráter fragmentário e inconstante das fontes, sejam elas documentos escritos ou vestígios arqueológicos, existe mérito em recorrer a esses exemplos para elucidarmos algumas das dinâmicas mais fundamentais.

Diante desse esforço e com as ressalvas necessárias, o Império Romano surge como um terreno fértil para vermos a relação entre as sociedades humanas e os patógenos para os quais as pessoas não possuíam qualquer tipo de imunidade.

Embora eventos de mortalidade elevada não fossem raridade do mundo antigo, o caráter transcontinental que caracteriza uma pandemia não seria registrado até a década de 160 AEC 1, quando o Império Romano foi atingido pela peste antonina, nomeada a partir de Marco Antônio, o imperador filósofo, da dinastia dos Antoninos.

Essa, que é provavelmente a primeira pandemia, foi muito bem documentada à época por conta dos relatos de Galeno, eminente médico romano que atuou no combate à peste e deixou uma considerável riqueza documental acerca de seus efeitos sobre os pacientes. Sabemos, por exemplo, que Galeno, apesar de ser conhecido com médico competente, chegou a receitar como remédios paliativos substâncias esdrúxulas tais como leite de gado da montanha e poeira do solo da Armênia2.

Tal atitude se devia ao fato de a doença ser uma absoluta novidade do ponto de vista clínico. Uma das hipóteses para o agente causador da peste apontava o vírus do sarampo (Measles morbillivirus) como responsável, contudo essa hipótese perdeu força com pesquisas mais recentes que indicam que esse patógeno só se diferenciou a partir do século V. Atualmente, existe certo consenso indicando que a peste teria sido causada por um surto do vírus da varíola (Variola major).

Esse consenso diminui ao lidarmos com a mortalidade da doença. Estimativas apontam um número de mortes entre 10% e 30% da população do Império Romano, o que equivale a algo como 5 a 7 milhões de pessoas para as estimativas mais conservadoras. Segundo Harper, essa foi a menos letal das três pestes que atingiram o Império.

A segunda, mais grave e mais obscura, é a chamada peste de Cipriano, em referência ao Bispo de Cartago, um dos principais nomes a descrevê-la. Pouco sabemos sobre essa segunda pandemia, exceto que sua dispersão pelo Império foi rápida e fulminante: os primeiros registros datam de 249 EC3 no Egito e já em 251 EC a peste afligia a cidade de Roma.

Embora não tenhamos estimativas sobre o impacto demográfico no Império como um todo, sabemos que os maiores centros urbanos foram duramente afetados. Segundo fontes contemporâneas, Alexandria, por exemplo, teve sua população reduzida em 62%, saindo de 500 mil pessoas para menos de 200 mil4. Essa redução foi fruto, provavelmente, de uma combinação entre mortalidade e êxodo urbano, um fenômeno relativamente comum em casos de epidemia na antiguidade, posto que diante da rápida conflagração da peste em ambientes urbanos, as pessoas reagiam buscando o isolamento no campo.

Por fim, o terceiro e último exemplo de pandemia no Império Romano vem com a peste de Justiniano, nomeada em função do imperador à época. Este episódio se inicia no século VI EC e é posterior à queda de Roma e da metade ocidental do Império.

Aqui, já é possível traçar com clareza o patógeno causador: trata-se da Yersinia pestis, a mesma bactéria responsável pela Peste Negra no século XIV. Pelas informações que dispomos, a peste de Justiniano foi a mais grave em termos demográficos, causando a morte de no mínimo 33% da população do Mediterrâneo, com outras estimativas apontando uma mortalidade de 60%.

Considerando o contexto histórico desse evento, Harper (2017) enfatiza o caráter desagregador sobre a política romana indicando a peste como causa do colapso do projeto de reconquista da parte ocidental e da renovação jurídica do Império empreendida por Justiniano.

Essa leitura de Harper sobre o impacto da terceira peste é um exemplo da chamada leitura maximalista, isto é, a interpretação de que uma peste teria impacto máximo sobre a sociedade, alterando profundamente as formas sociais e econômicas, gerando transformações profundas e duradouras.

Outro exemplo de leitura maximalista é a associação entre a peste de Cipriano e a crise do século III, período de decadência do Império Romano e momento de profunda desagregação social. A peste não teria apenas enfraquecido o poder do Império frente ao restante do mundo, mas também reorganizado as relações de poder internas, fenômeno associado à queda das elites religiosas tradicionais e à ascensão do cristianismo, que deixa de ser uma seita radical e passa rapidamente ao estatuto de religião oficial.

Em contraponto, é possível fazer uma leitura minimalista5 do impacto das pandemias; segundo essa interpretação, as pestes possuem efeito agudo, porém de curto prazo e, sobretudo, circunscrito às cidades. É sempre importante lembrar que no mundo antigo as cidades, mesmo as mais prósperas, são profundamente carentes de instalações sanitárias e também o ambiente ideal para a transmissão rápida, dado o maior grau de aglomeração. A conjunção desses dois fatores intensifica significativamente a mortalidade pelos agentes infecciosos. Entretanto, como as cidades, sobretudo no Império Romano, são o espaço das elites e da classe letrada, a maior parte dos documentos escritos traz uma visão citadina do fenômeno, o que induz a uma leitura maximalista do impacto das pestes.

Parte II – O vigor econômico dos gerbilos

Nos afastando momentaneamente do debate entre maximalistas e minimalistas acerca dos impactos sociais que as pestes causam, podemos pensar a questão ao contrário, isto é, quais determinantes sociais levam à peste.

Muito embora seja uma afirmativa esdrúxula postular que o crescimento da economia romana levou à especiação do vírus da varíola, é interessante notar como o crescimento econômico parece, muitas vezes, uma condição necessária que antecede os grandes surtos de peste. O primeiro dos exemplos parece bastante elucidativo: o Império Romano estava no ápice da sua prosperidade quando foi atingido pela peste antonina, e depois dela inaugura-se um longo processo de decadência.

Existe lógica em propor que o crescimento econômico leva a pandemias, porque o crescimento econômico sempre tem algum caráter extensivo. A abertura de novas rotas comerciais colocou os romanos em contato com outras populações humanas que possuíam outro conjunto de parasitas; as trocas, portanto, não se restringiam a bens e moedas, mas também incorporavam agentes infecciosos desconhecidos. As pestes viajam pelas mesmas rotas que os comerciantes.

Olhando a expansão da face mais doméstica da economia, isto é, sem considerarmos o comércio de longa distância, vemos que a tradicional ocupação de espaços ociosos, típica dos momentos de crescimento demográfico, quase sempre envolvendo as derrubadas de florestas, também cria uma situação propícia para as pandemias. Transformar florestas em campos cultiváveis significa, essencialmente, promover uma transformação do ecossistema de modo a deslocar as espécies que ali existiam (por exemplo, árvores, javalis e leões) e introduzir outras (digamos, humanos, bois e cereais). Nesse processo de substituição existe um momento de contato entre as populações antigas e as novas, contato esse que não existia antes do início do processo.

Quando observamos a história, vemos que pandemias são, essencialmente, o choque causado pelo contato com um patógeno novo que existia em equilíbrio com um hospedeiro animal (domesticado ou silvestre). Esses patógenos, por alguma mutação própria ou por um contato inaugural com uma população desprovida de imunidade contra ele, causam um período acentuado de mortalidade.

Também podemos pensar que pandemias são, em geral, um tipo de zoonose, fenômeno atestado pela própria trajetória molecular dos patógenos que as causam. Por exemplo, o vírus do sarampo (Measles morbillivirus) surge de uma variação do vírus da peste bovina (Rinderpest morbillivirus) e sua passagem para humanos se deu a partir de nossas relações agropecuárias com os portadores originais, isto é, o gado.

Essas zoonoses podem ter origem tanto em animais domésticos (como no caso do sarampo) quanto em animais silvestres6, como no caso da peste de Justiniano, causada pela Yersinia pestis, uma bactéria cujo hospedeiro original é o gerbilo, um roedor endêmico da Ásia Central.

O que parece de fato se apresentar em todas as pandemias retratadas é uma rápida transformação climática. Embora os estudos paleoclimáticos sejam realizados por meio de variáveis de aproximação com graus diferentes de métodos e escopo, que tornam sua precisão um fenômeno mais secular do que anual, é possível pensar o clima da Era Comum como dividido em alguns momentos de estabilidade intercalados por períodos de transição e instabilidade.

Em ordem cronológica o primeiro desses recortes é o Período Quente Romano (RWP), cujo ápice vai até o século II, momento em que começa a reversão que, por sua vez, se acentua no século III. Em seguida, há uma nova estabilidade climática com a Pequena Era do Gelo da Antiguidade Tardia (LALIA), que se estende do século VI ao século VIII. As temperaturas voltam a subir e entre os séculos X e XIII se consolida a Anomalia Climática Medieval (MCA), também conhecida como Ótimo Climático Medieval. Depois temos a Pequena Era do Gelo (LIA) indo do século XV ao XIX. Entre cada um desses períodos existem os momentos de instabilidade climática onde não é possível identificar um padrão geral de comportamento do clima.

O que é interessante de observarmos aqui é como os episódios de pandemia se relacionam com esses momentos. As três pragas do Império Romano acontecem entre o fim do RWP e o início da LALIA. Da mesma forma, a Peste Negra ocorre entre o fim da MCA e o início da LIA. Há aqui uma correlação que merece ser investigada.

Períodos quentes, como o RWP e a MCA, são períodos de expansão da atividade econômica, sobretudo da agricultura. A elevação das temperaturas não apenas reduz o risco de perdas de safras no inverno como também ampliam a área cultivável, sobretudo em termos de altitude.7 Isso significa que não apenas a população humana tende a aumentar, dada a maior disponibilidade de alimentos, como a população de gado e de outros animais domésticos também; com isso, ampliam-se os reservatórios de patógenos e as chances de uma zoonose.

Períodos estáveis também tendem a gerar padrões de circulação atmosféricos estáveis, o que favorece a agricultura ao reduzir as incertezas relacionadas ao regime de chuvas. Por outro lado, os períodos de instabilidade geram aumento dos riscos na produção agrícola, que se transformam também em períodos de instabilidade produtiva e social, o que reduz tanto a capacidade de a sociedade responder a novas pressões ambientais (como uma pandemia), como sua própria imunidade, comprometida pela perda nutricional associada às quebras de safra.

Nesse sentido, alterações climáticas são um grande gatilho de transformações porque alteram de forma significativa as condições de interação entre diversas espécies que compõem o bioma terrestre. Essas novas condições podem ser favoráveis ou desfavoráveis a algumas espécies; em geral, tais alterações acarretam um regime de mortalidade mais acentuado às espécies mais bem adaptadas ao período anterior. Isso nos inclui.

Se nos lembrarmos que o ser humano é essencialmente um mamífero submetido às mesmas dinâmicas ecológicas que os demais mamíferos podemos pensar que uma dinâmica similar ocorre com as populações de animais silvestres. Em períodos quentes e estáveis há maior disponibilidade de alimentos e expansão da população, em períodos de reversão climática essa disponibilidade diminui e a mortalidade entre os membros dessa espécie sobe. Uma solução disponível aos vários animais para esse problema ecológico é a migração em busca de novas fontes de alimento. Essa breve descrição consiste no cerne do modelo de difusão da Peste Negra.8

Durante a MCA a região da Ásia Central foi continuamente beneficiada por um regime pluviométrico acima da média de uma região semiárida, o que levou a um aumento da população de gramíneas típicas da região. Essas gramíneas constituíam, por sua vez, a base da alimentação dos gerbilos, um pequeno roedor silvestre que constitui um reservatório natural da Yersinia pestis, uma bactéria que parasita os gerbilos, mas que não chega a constituir um problema para a espécie dada sua grande resistência ao patógeno.9

Nesse período, os roedores da Ásia Central vivenciaram uma época de forte crescimento populacional dada a farta oferta de comida, entretanto, foram logo em seguida castigados pela mão invisível do clima: a MCA, que garantira sua prosperidade nos séculos anteriores deu lugar a um período de secas.

Diante da redução das chuvas na região, por força de alterações no padrão de circulação atmosférico, houve uma drástica redução da população de gramíneas, o que, para os gerbilos, seria um equivalente ao completo colapso da sua economia. Os roedores perderam sua fonte de alimentos e entraram em um período de forte escassez.

A reação dos animais foi migrar em busca de novas fontes de alimentos, o que fez com que se aproximassem de assentamentos humanos na região. Nesse ambiente, uma espécie de roedor comensal dos seres humanos, o rato, entrou em contato com a espécie silvestre. Dada a similaridade entre as duas, houve uma transferência de parasitas, como a pulga (especialmente a Xenopsylla cheopis) e, com ela, a Y. pestis.

O roedor urbano, ao contrário de seu congênere silvestre, não possui qualquer forma de resistência à bactéria, de modo que rapidamente constituiu-se uma enzoose, uma epidemia entre os ratos. Diante da mortalidade dos hospedeiros tradicionais e da proximidade aos humanos as pulgas transformaram essa enzoose em uma zoonose, que, por sua vez, se espalhou rapidamente, seguindo as rotas comerciais que cruzavam a Ásia Central para outros assentamentos humanos, como Veneza, Paris e Londres e outros tantos centros urbanos da Europa Ocidental, configurando a pandemia da Peste Negra do século XIV.

Conclusões

Apesar de ser muito difícil mensurar os impactos que as pandemias causaram nas sociedades humanas, parece razoável buscar compreendê-las como um episódio ilustrativo de uma dinâmica de fundo mais ampla. É tentador pensar as sociedades humanas dissociadas de sua natureza biológica e especificamente animal; carregamos um certo vício intelectual de nos vermos apartados da natureza e, quase como consequência lógica, em oposição direta a ela.

Contudo, não existe uma oposição entre o humano e o natural simplesmente porque é impossível haver uma oposição entre o todo e a parte. O ser humano não é algo fora da natureza para fazer oposição a ela.

O significado imediato disso é que precisamos buscar compreender nossas dinâmicas humanas como algo inserido em uma dinâmica mais ampla da natureza. Nossos períodos de crescimento e florescimento enquanto espécie se associam a padrões climáticos muito tênues que podem se alterar rapidamente e cujas consequências são imprevisivelmente complexas. A mudança climática em curso hoje, por exemplo, associada à devastação de ecossistemas e as consequentes migrações de animais silvestres para assentamentos humanos e de humanos para os habitats silvestres, constitui um catalisador de pandemias, dado o maior contato com patógenos potencialmente letais.

As pandemias reduzem ao tamanho dos nossos pequenos olhos o emaranhado de natureza no qual existimos. Elas não são nem o fim apocalíptico que os comentadores contemporâneos sempre vislumbraram, nem o ponto de virada de uma narrativa antropocêntrica. A verdade é que elas são apenas a expressão profundamente natural da natureza.

Foto: máscara usada pelos médicos durante a epidemia de Peste Negra. Crédito: Wikimedia Commons.

Daniel Ribera Vainfas é Mestre em Economia Política Internacional e Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE-IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Referências

CAMPBELL, B. M. The great transition. [s.l.] Cambridge University Press, 2016.

FURUSE, Y.; SUZUKI, A.; OSHITANI, H. Origin of measles virus: divergence from rinderpest virus between the 11th and 12th centuries. Virology Journal, v. 7, n. 52, p. 1–4, 2010.

HALDON, J. et al. Plagues, climate change, and the end of an empire. A response to Kyle Harper’s The Fate of Rome (2): Plagues and a crisis of empire. History Compass, v. 16, n. 12, p. 1–10, dez. 2018a.

HALDON, J. et al. Plagues, climate change, and the end of an empire. A response to Kyle Harper’s The Fate of Rome (3): Plagues and a crisis of empire. History Compass, v. 16, n. 12, p. 1–10, dez. 2018b.

HARPER, K. Pandemics and passages to late antiquity: rethinking the plague of c.249–270 described by Cyprian. Journal of Roman Archaeology, v. 28, p. 223–260, 2015.

HARPER, K. The fate of Rome: climate, disease, and the end of an empire. Princeton: Princeton University Press, 2017.

MORDECHAI, L.; EISENBERG, M. Rejecting Catastrophe: The Case of the Justinianic Plague. Past & Present, v. 244, n. 1, p. 3–50, 1 ago. 2019.

PARKER, G. Global crisis: war, climate change and catastrophe in the seventeenth century. New Haven: Yale University Press, 2013.

ZHANG, Y. et al. Dynamics of Yersinia pestis and Its Antibody Response in Great Gerbils (Rhombomys opimus) by Subcutaneous Infection. PLoS ONE, v. 7, n. 10, p. e46820, 5 out. 2012.

Notas

1 AEC: Antes da Era Comum. Era Comum (EC) é uma alternativa à tradicional notação AC (Antes de Cristo) e DC (Depois de Cristo).

2 Harper (2017) enfatiza que esses tratamentos, segundo Galeno, reduziriam a força da doença, mas tratava-se, sobretudo, de desespero face à impossibilidade de curar o paciente.

3 EC: Era Comum

4 Harper (2015, p. 228) ressalta que é provável haver certo exagero nos números, mas indicadores como o consumo de grãos apontam para a plausibilidade da flutuação populacional.

5 Por exemplo Haldon et.al (2018a, 2018b) assim como Mordechai e Eisenberg (2019) trazem uma leitura minimalista crítica a Harper (2017). Essas duas visões balizam as ressalvas trazidas nesse artigo.

6 Existe algum debate sobre se a principal fonte de patógenos responsáveis pelas pandemias são os animais silvestres ou os domésticos. Embora alguns exemplos históricos, como o sarampo, tenham consolidado um paradigma de preponderância dos animais domésticos, os casos de novos patógenos catalogados após a década de 1970, como o HIV, o vírus do Ebola, da Zika e, agora, da Covid-19, deslocam o centro do problema para nossa relação com os animais silvestres.

7 Sobre a questão da agricultura, ver Parker (2013) em sua análise sobre os efeitos da LIA nas sociedades do século XVII

8 Aqui seguimos Campbell (2016, p. 236)

9 Gerbilos apresentam uma grande resistência à Y. pestis de modo que podem conviver com essa bactéria sem que vivenciem uma Peste Negra própria a cada geração. (ZHANG et al., 2012)

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